Jamais ouvira falar de Huberto Rohden, até que em meados de 2005, quando presenteado por um grande amigo, chegou em minhas mãos, cópia deste áudio, “O Terceiro Milênio”. A partir de então, meu interesse pelas obras do autor nunca mais cessou.
Neste áudio, o professor Rohden, com certo grau de inconformismo, fala da ingenuidade em que na época (por volta de 1978), se tratava de assuntos como o “Novo Mundo”, a “Nova Humanidade” e o “Reino de Deus”. Para ele, não eram coisas futuras, mas sim algo já vivido, e ainda possível de ser experimentado. Comenta sobre as palavras do Nazareno: “O Reino de Deus está presente dentro de vós”. Afirmava Rohden, que a “experiência mística” desta paternidade única de Deus já havia sido vivida pelo Cristianismo primitivo, e, ainda hoje, podia ser experimentada.
E que quando acontece, há um transbordamento irresistível de vivência ética (fraternidade Universal entre os homens). Porém, para que ela ocorra é necessário desobstruir os canais ocupados pelo “EGO”, abrindo caminho para o “Eu” espiritual. Rohden, de forma engraçada, afirma que o problema principal da humanidade não era “estomacal”, mas sim, mental e espiritual. Pensamos erradamente, dizia ele, e por este motivo, vivemos desgraçadamente.
Afirmava que Gandhi, quando convidado a converter-se ao Cristianismo, disse: “Eu aceito o Cristo e o seu Evangelho, mas não aceito o vosso Cristianismo!”. Rohden afirmava que o Cristianismo “verdadeiro”, só durou três séculos. E que Constantino Magno, o primeiro imperador Cristão (313 d.C.), assassinou a Cristicidade do Cristo, quando ofereceu aos Cristãos “verdadeiros”, três “presentes Gregos”, armas, política e dinheiro. Armas, para matar seus inimigos. Política, para enganar seus amigos. E dinheiro, para comprar e vender consciências.
E nesse Cristianismo, dizia Rohden, estamos até hoje, desde o terceiro século. E desta maneira não há solução, pois se abandonou a Cristicidade do Cristo, para se viver o Cristianismo ditado pelo EGO. De forma dramática Rohden confessa: adoramos o Cristo com palavras, depois, o assassinamos, negando-o com nossas vidas!
Vivendo com hipocrisia, um Cristianismo monstruosamente criminoso.
Acreditava que solução para isto só existia de dentro para fora. Vivenciada inclusive, por um pequeno grupo de 120 pessoas (até 313 d.C.), que ultrapassaram a “crença” e entraram na “experiência da presença de Deus”, nelas mesmas.
Para Rohden, enquanto não sairmos da escravidão do nosso querido “EGO” e transcender todos os Cristianismos, não viveremos a Cristicidade do Cristo. Insiste em afirmar que, “de fora para dentro” não há solução!
Finaliza Rohden dizendo que a grande síntese dos dois mandamentos do maior dos Mestres, Jesus, o Cristo, se traduz na “vertical” da mística, transbordando na “horizontal” da ética.
Amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo. Após atingirmos a experiência Divina em nós (de que eu e o Pai somos um). O “fazer” o bem é natural, pois é o transbordamento desta experiência.
Para Rohden, Gandhi atingiu a plenitude do Amor (auto-realização), e, mesmo não sendo Cristão, viveu a Cristicidade do Cristo, e por este motivo, neutralizou o ódio de muitos milhões. Conclui Rohden, que para se iniciar a “Nova Humanidade” é preciso mais do que “fazer” o bem, é necessário, “ser” bom!
Depois de ouvir este áudio, você compreenderá a diferença existente entre a Cristicidade do Cristo e o Cristianismo, podendo assim, se for o caso, viver verdadeiramente uma vida Crística!
São Paulo, 18 de Agosto de 2010.
Claudio Campos